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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A África e a tarefa final

DSC00100Com o objetivo de mobilizar os líderes cristãos na África para o cumprimento da Grande Comissão, mais de 600 participantes representando 65 países estiveram reunidos na Nigéria, para entender quais são os desafios desta tarefa final. Foi maravilhoso poder conhecer um pouco das várias iniciativas evangélicas que vem sendo realizadas na África, principalmente em relação aos povos não alcançados, aos esforços para a planatação de igrejas, às necessidades de discipulado intensivo e ao treinamento de liderança local. 

A igreja evangélica africana reconhece que tem um papel importante a desempenhar na Grande Comissão. Também reconhece que possui pessoas e recursos para completar esta tarefa na África e também contribuir com outras partes do mundo.

Principais desafios e necessidades:

DSC00163Discipulado: apesar do crescimento numérico da quantidade de igrejas evangélicas e de Cristãos na África, não é possível afirmar que as igrejas estão crescendo de forma saudável e criando condições para que os novos crentes experimentem uma verdadeira transformação em suas vidas, de forma que possam impactar a vida de outras pessoas.

Formação de Líderes: várias iniciativas vem sendo realizadas na tarefa de plantação de igrejas e os resultados são expressivos. Porém juntamente com o crescimento numérico de novas igrejas, surge uma geração de novos líderes que precisam ser preparados para liderar estas novas igrejas. Mesmo com a existência de centros de formação teológica em vários países, existe uma grande quantidade de líderes leigos que ainda não tem acesso aos programas formais de treinamento que geralmente estão restritos aos grandes centros urbanos.

Unidade das igrejas evangélicas: diversos esforços, feitos por diversas igrejas e agências missionárias vem sendo realizados nos diversos países da África, mas verificou-se a necessidade de buscar condições que permitam reunir as igrejas evangélicas locais para discutirem planos de ação conjuntos, de forma que isto possa trazer maior sinergia para a expansão do reino de Deus.

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nigéria, África

Meu primeiro dia

lagos 2Faltavam dez minutos para a meia noite e eu estava terminando o meu primeiro dia na África, alojado em um quarto numa casa pertencente à Missão Batista Nigeriana. Neste momento eu acabava de ler o Salmo 118:14 “O Senhor é a minha força e o meu cântico; Ele é a minha salvação”. Mas eu ainda não podia imaginar quanto estas verdades Bíblica iriam fazer sentido para a minha vida nos próximos dias.

Depois de algumas semanas de muita oração e uma certa tensão, finalmente Deus havia permitido que eu chegasse em paz na cidade de Lagos que tem uma população de mais de 10 milhões de pessoas e é a antiga capital da Nigéria, um país com quase 150 milhões de pessoas!

atentado abujaApesar do atentado na sede da ONU em Abuja, ocorrido uma semana antes da viagem, apesar de toda a dificuldade para a aprovação do meu visto que foi concedido apenas 3 dias antes da viagem; apesar de alguns desencontros com a minha reserva de hotel em Abuja; apesar de existir uma chance de não conseguir embarcar aqui no Brasil por causa de um equívoco na emissão do meu bilhete aéreo; apesar da preocupação com as inúmeras recomendações recebidas do pessoal do evento sobre os cuidados com a minha imigração em Lagos; apesar de uma certa apreensão em levar na bagagem mais de 70 volumes de livros doados por uma Editora para os irmãos dos países de língua Portuguesa; apesar de tudo isso eu já tinha também muitas bênçãos para contar.

Consegui embarcar em SP sem nenhum problema e fiz uma excelente viagem até Johannesburg na África do Sul. Durante o período de espera no aeroporto de Johannesburg (6 longas horas) para pegar um vôo até Lagos (mais cinco longas horas de vôo), soube que o Sr Ross, um missionário da Nova Zelândia que tem mais de 65 anos de idade e serve ao Senhor na África (Quênia) desde 1969 (caramba, o ano que eu nasci!) iria embarcar no mesmo vôo que o meu para Lagos e poderia me ajudar na imigração. Em um avião com capacidade para mais de 400 pessoas, me informaram que o Sr Ross iria viajar na poltrona 44D. E qual era a minha poltrona? 45D. Exatamente atrás da dele. O vôo estava bastante atrasado e o avião lotado. Mas a poltrona 44D à minha frente continuava vazia. De repente, entra pelo corredor um Sr e senta-se na poltrona 44D. Só poderia ser ele. Tão logo este Sr se ajeitou na poltrona eu cutuquei o ombro dele e perguntei: “Mr Ross?” E ele respondeu: “Yes”.

Que bênção a presença do Mr Ross no meu vôo. Passamos juntos pela imigração na chegada em Lagos, o que parece ser algo sempre muito tumultuado. Aguardamos, depois da imigração, mais de uma hora até conseguirmos pegar nossas malas.

Quando saímos na calçada do aeroporto, quanta gente! Serviços de taxi e de carregamento de malas sendo oferecidos, atravessa a rua daqui, outros correm dali, guardas fortemente armados misturados na multidão, mas enfim, encontramos a Emeline que era o nosso contato em Lagos. Ela nos levou para uma casa da Missão Batista Nigeriana onde passamos a primeira noite.

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Na manhã seguinte o Mr Ross pegaria um vôo às 8:00 para Abuja. Eu e o meu irmão e amigo Josias pegaríamos o vôo das 10:30, sem saber que teríamos uma manhã com fortes emoções pela frente.

Nigéria, África

Um passo na direção certa pode salvar a sua vida

Levantamos cedo, tomamos café, despedimos das pessoas na Missão Batista da Nigéria e seguimos para um outro aeroporto em Lagos para pegar nosso vôo para Abuja. Até aqui eu não tinha me dado conta de estar sem a companhia do Sr Ross por perto.

Chegamos na porta do aeroporto e o motorista do nosso carro foi logo enfiando a mão na buzina para outro carro parado na nossa frente. No Brasil, quase ninguém ouve uma buzinada destas sem reagir com muita raiva. Mas na Nigéria, a buzina tem um outro significado. Parece quase uma linguagem local. Interessante isso! Os motoristas buzinam pra tudo e pra todos, em todo o tempo. Para estacionar, para ultrapassar, para virar...

Descemos do carro bem em frente a porta de entrada do aeroporto. Nos despedimos do nosso motorista e já fomos assediados por muitos carregadores de mala. Ainda não sabíamos que eles tinham um “chefe”. Recusamos as ajudas e tentamos não deixar ninguém por as mãos nas nossas malas, conforme as instruções que tínhamos recebido anteriormente. Alguém abriu a porta para entrarmos no aeroporto e... agora sim experimentamos o verdadeiro estresse dos aeroportos de Lagos.

Antes mesmo de dar o segundo passo porta a dentro, um homem com traje local nos esperava perguntando efusivamente qual era o nosso vôo. O saguão tão pequeno, tão lotado, com pouca iluminação, sem ventilação e sem nenhuma placa indicativa me fez dizer para este homem que eu precisava arrumar um local para sentar, tirar minha mochila e então conferir as informações do meu vôo.

Imediatamente este homem me conduziu para uma cadeira vazia no saguão. Um lugar tão pequeno para tanta gente e eu tentando pensar nas instruções recebidas dos meus contatos aqui na África: “não deixe ninguém tocar nas suas coisas! Não entregue seus documentos na mão de ninguém, a não ser que seja uma autoridade do aeroporto!”. Pois é. Aquele homem e sua “equipe de apoio” pareciam exercer toda a sua autoridade sobre eu e o Josias.

A pressão dele funcionou e quando nos demos conta, nossos passaportes já tinham ido parar nas mãos dele. “Caramba! Isso não podia ter acontecido”.

Imediatamente ele se dirigiu para o “guichê” do check-in com autoridade suficiente para furar fila e me dizer para esperar longe do guichê. Mas graças a Deus que me fez passar por baixo do cordão da fila do check-in e me colocar ombro a ombro com aquele homem no “guichê” de atendimento. Enquanto o atendente conferia nossa reserva de vôo e passaporte, aquele homem tentava ocupar todo o espaço do balcão para ficar sozinho na frente do atendente. Se não fosse por um milagre, aquele homem levaria vantagem no jogo de ombro comigo, afinal ele era muito maior que eu e também parecia muito zangado. Não sei exatamente com o que. Talvez pelo fato de eu ser estrangeiro.

Foi neste momento que Deus me ajudou a entender que eu deveria permanecer firme ali e entrar na disputa com aquele homem pela entrega do meu passaporte e do meu bilhete de embarque. Vi Deus agindo milagrosamente ali, pois quando eu estiquei o meu braço, o atendente colocou na minha mão o passaporte e também o bilhete para embarque. Tentei perguntar para o atendente onde era o portão de embarque, mas não consegui entender nada, pois o homem que estava do meu lado sabia que tinha vacilado em pegar de volta o meu passaporte e o bilhete de embarque. Ele devia ser tão experiente na “prestação” deste serviço para estrangeiros no aeroporto, mas alguma coisa deu errado para ele. Afinal de contas, eu havia recuperado meu passaporte e conseguido pegar o meu bilhete de embarque. Ele me acompanhou, bravo, até o portão de embarque. Dali pra frente ele não poderia entrar. Agora sim, havia finalmente um oficial do aeroporto, aguardando o meu passaporte e o meu bilhete para conferir. Aquele homem, querendo receber seu “pagamento pelos serviços prestados” me dizia que ali era pra ele o fim da linha e portanto hora do pagamento dos “serviços prestados”. Eu tinha 1.500 nairas no bolso direito da minha calça. Este dinheiro eu tinha recebido de troco pelo café da manhã. Uma nota de mil e outra de quinhentos, que correspondem a aproximadamente dez dólares. Ví que não escaparia de dar alguma gorjeta, pois afinal, por um lapso da minha parte, ele havia posto a mão nos meus documentos e prestado um “grande serviço”, numa experiência que foi muito estressante para um começo de dia. Mas eu não sabia quanto poderia ser uma gorjeta compulsória. E o pior era que outros da sua “equipe” o acompanhavam para tentar receber alguma coisa também. Acho que ele se animou quando viu sair do meu bolso as duas notas. Uma nota ficou pra ele e a outra para alguém mais que nos cercava.

Antes de chegar mais alguém para a gorjeta, eu e o Josias demos um passo na direção da área restrita para embarque e pronto!

Ufa! Que começo de dia difícil. Mas consigo ver a mão de Deus me ajudando em tudo.

Esse passo na direção da área de embarque trouxe um alívio por termos a certeza de que a partir dali estávamos separados daquele homem e da sua “equipe” e portanto ele já não podia mais exercer nenhuma pressão sobre nós.

Toda essa história para lembrar que um dia também, eu precisei dar um passo em uma nova direção na minha vida, que é Jesus. E a partir desse passo na direção certa eu também fiquei completamente livre da pressão do pecado sobre mim.