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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Matchovana, Moçambique: esperança de uma grande colheita

DSC01634Quando o trânsito para sair da cidade de Maputo está bom, o que nem sempre acontece, podemos chegar em Matchovana em cerca de 1 hora e meia de viagem. Mas geralmente levamos 2 horas e meia ou mais no trajeto da nossa casa até lá. Matchovana é o local onde chegamos depois de uma exploração que fizemos na província de Maputo com o objetivo de encontrar uma comunidade onde ainda não havia igrejas evangélicas. No mês de julho/2012 depois de andarmos por muitos lugares e já quase prestes a voltar para a casa sem muito sucesso no nosso trabalho de exploração do campo, encontramos numa estrada de terra 2 pessoas que vinham pelo caminho carregando galões de água numa pequena carroça. Paramos o carro e o Pr Abel desceu para saudar o homem e a velha senhora que se mostravam um pouco desconfiados da nossa presença. Falando no dialeto Xangana que é usado no Sul de Moçambique, o Pr Abel explicou a nossa presença ali e fez também algumas perguntas. Descobrimos então que a igreja mais próxima ficava a uma longa distância de caminhada.

DSC00168Dispostos a nos receber em uma nova visita, agendamos com estas duas pessoas um novo encontro onde poderíamos compartilhar com mais detalhes qual era a nossa missão para aquele local. No dia combinado para a reunião estavam presentes cerca de 15 pessoas, entre adultos e crianças. Talvez por causa da minha presença, um mulungo (branco), eles se mostraram muito interessados em saber o que nós tínhamos para oferecer, principalmente por que ali existem muitas dificuldades, como a falta de água, entre outras necessidades. Em relação à igreja, quiseram saber como seria o edifício que nós poderíamos construir. Mas o Pr Abel esclareceu que nós não estávamos ali para construir prédios, nem tínhamos condições para construir furos d´água. Nosso objetivo era estudarmos a Palavra de Deus com eles. Palavra esta que nós sabemos que tem poder para transformar vidas e também situações de escassez de recursos em lugar de abundância de recursos.

Devido ao interesse demonstrado pelos estudos bíblicos, ficou combinado que nos reuniríamos com eles às quartas-feiras. Mas isto não era o suficiente, pois ainda faltava conseguirmos uma autorização do chefe dos assuntos religiosos daquele local, pois somente assim poderíamos seguir com o plano de plantar uma igreja naquela comunidade. Depois de enfrentarmos algumas dificuldades com esta autorização, enfim recebemos a aprovação que nos daria condições para ir adiante.

Por causa do trabalho na machamba (lavoura), alguns dias as pessoas não chegavam para os estudos bíblicos. Outras vezes, precisamos esperar por cerca de 2 horas para chegar alguém que iria participar dos estudos. Mesmo com estas dificuldades, os estudos iam sendo realizados.

Com o passar do tempo, as pessoas perceberam a necessidade de termos um local mais apropriado para as nossas reuniões e num final de tarde, depois da realização do estudo bíbico, aquela Senhora que encontramos no caminho carregando água, na primeira vez que visitamos a região, decidiu oferecer uma área onde poderíamos limpar o mato e preparar o terreno para a realização dos estudos. Eu desconfiei um pouco de todo o entusiasmo daquela senhora que nos mostrava uma grande área que, segundo ela, poderia ser cedida para o trabalho da igreja que começava a nascer naquela comunidade. Eu tinha dúvida se aquelas terras seriam mesmo dela. E mesmo que as terras fossem dela, eu ainda tinha dúvidas se ela estava  disposta a ceder uma parte do terreno para uso da igreja. Mas outras pessoas confirmaram que aquelas terras pertenciam mesmo a ela.

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Então em um dia determinado, as pessoas se reuniram para abrir uma clareira naquela área que seria então o novo local das nossas reuniões. No dia marcado para o mutirão da limpeza dá área, aproveitamos também para projetar o filme Jesus e assim reunir o maior número possível de pessoas para ouvirem do Evangelho e serem convidadas para participar das reuniões da quarta-feira e agora também do domingo. Como sempre acontece, muitas pessoas chegaram para assistir o filme e responderam ‘sim’ ao convite para se entregar a Jesus, mas apenas alguns poucos voltaram no domingo para o culto. Sabemos que a escassez de árvores neste local e a falta de um teto para nos abrigar do sol e das chuvas do verão trazem muitas dificuldades.

Então, depois de alguns meses com o trabalho avançando lentamente, decidimos ter um dia para visitar as famílias da região e encorajá-las a participar das reuniões. Concordamos em fazer isso na tarde quente de uma quarta-feira e assim saímos de casa em direção a Matchovana. Chegando lá, a poeira levantadaDSC04081 pela passagem do nosso carro na estrada de terra e o barulho do motor anunciava para as crianças a nossa chegada. Elas sabiam que era tempo de correr para o local da reunião. Pelos atalhos no meio do mato elas conseguiam chegar na nossa frente. E aqueles rostinhos lindos, com sorrisos tímidos fazem sempre a melhor recepção de boas vindas que nós podemos ter.

Especialmente nesta quarta-feira em que iríamos andar para muitas visitas, o calor era intenso e o sol do verão africano era escaldante. Porém, uma vez mais eu tinha a certeza de que Deus me daria a oportunidade de ter uma nova e surpreendente ‘visão do campo’.

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Mana Laura e mana Luana, com alguns dias de férias na escola, aproveitaram para estar conosco nesta tarde e juntamente com minha esposa Fernanda ficaram responsáveis por um tempo especial com as crianças, enquanto eu e o Pr Abel, meu inseperável companheiro de viagem, seguiríamos pelas trilhas para as visitas.

A primeira trilha nos levaria  à casa da vovó Luiza. De lá seguiríamos para outros lugares. Na casa de vovó Luiza, levamos um par de muletas, doadas pelos nossos irmãos missionários Melvin e Sharon, com o objetivo de tentar ajudar o marido da vovó que não consegue andar por causa de um problema nas pernas. Mas foi impossível aquele senhor conseguir usar as muletas, uma vez que ele não tinha nenhuma força nas pernas. Depois de algumas tentativas fracassadas ele ainda insistiu em ficar com as muletas para aos poucos tentar utilizá-las. Oramos com ele e a sua família e a vovó Luiza seguiu como nossa guia pelas trilhas para chegarmos em outras casas.

O sol das 15 horas nos castigava. Mas ao ver a alegria e a disposição daquela senhora  em seguir conosco para as visitas muito me animava. Em cada família que passávamos, vovó Luiza parava para as tradicionais saudações moçambicanas e aproveitava também para convidar as pessoas para participar das reuniões. Ela falava sempre com a autoridade local de uma anciã.

Passamos ainda pelo sítio de uma mamã (senhora) que decidiu seguir conosco pelo caminho. Ela falava e ria muito por causa do efeito do álcool que havia consumido. Eu não conseguia entender nada do que ela me dizia em dialeto e como o Pr Abel não traduziu eu percebí que talvez fossem coisas que não merecessem ser traduzidas.

DSC02425Em um outro local, encontramos uma senhora que esteve conosco na reunião apenas uma vez. Ela disse que estava bem, juntamente com o seu marido e que o motivo de não comparecer às reuniões era apenas por causa da preguiça. O Pr Abel pediu que eu desse uma palavra para ela. Decidí então convidar outros dois homens que estavam sentados à sombra de uma peuqena cabana para também se aproximarem. Percebí que eles estavam embriagados e apenas um deles se interessou em chegar para ouvir o que eu tinha para dizer. Naquele momento, Deus me trouxe à memória o texto de Atos 14:15: “estamos trazendo boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há”. Eram poucas palavras que deveriam ser traduzidas para o dialeto deles mas expressavam uma mensagem de arrependimento e de salvação. Aquela mulher embriagada que nos seguiu por uma parte do caminho disse que já esteve nos caminhos de Deus, mas agora estava entregue ao mal. Aquele homem que estava sentado na sombra de uma cabana e que havia se aproximado disse que tinha sido batizado quando ainda era jovem. Ele reconhecia o poder de Deus, mas disse que estava andando longe dos caminhos do Senhor. Disse ainda ter consciência de que aquilo que estava fazendo era errado. Minha oração é para que o Espírito Santo possa convencer estas pessoas de que é chegado o tempo delas se arrependerem e se voltarem para Deus. Também oro para que a Igreja ‘Palavra Viva’ que está sendo plantada em Matchovana possa ser um lugar onde vidas sejam transformadas pelo poder do nome de Jesus.

DSC04784No longo caminho de volta pela trilha, passamos por uma plantação de milho. Eu convidei a vovó Luiza e o Pr Abel para parerem por um minuto e observarem comigo aquele campo que ia ficando para traz. Percebí que muitas vezes eu só podia ver as dificuldades do trabalho naquela região, mas nesta tarde quente, a ‘visão do campo’ que Deus queria me mostrar era da oportunidade de uma grande colheita que começava a ser preparada ali.

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